segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

O U V O _ P O R _ A Í

em pernambuco...



"(...) que nem meu pai, que trabalha na polícia secreta"

- jovem de aproximadamente 17 anos, demonstrando naturalidade -


domingo, 13 de janeiro de 2008

D E U _ V O N T A D E

Degraus para um novo mundo


Quando despertou se encontrou perdida, abraçada pela claustrofóbica escuridão. Não enxergava nada, demorou a reconhecer que era uma escada o que havia sob seus pés. Desceu. Desceu todos aqueles degraus circundados por paredes rústicas exalando umidade, do alto direto para o que parecia ser mais seguro. A cada passo era tomada por uma dose de angústia e a sensação de estar deixando para trás algo imprescindível. A intuição se pronunciou, ela soube então que deveria subir. Teve certeza. O novo caminho não foi nada parecido com o anterior, os degraus se estendiam e pareciam triplicar a cada pequeno avanço. Perdeu o fôlego e foi obrigada a pequenas pausas diversas vezes, recurvada e exausta, tentava obter o máximo da mistura de oxigênio e esperança na menor fração de tempo possível. Não havia tempo a perder. Foi tomada por imensurável angústia, tão profunda como nunca tivera em toda sua vida, enquanto ganhava aos poucos os degraus à frente. Quando chegou ao topo se aproximou em passos trôpegos da grande porta iluminada que se fechara. Bateu com toda a força que lhe restava, punhos cerrados de encontro a madeira repetidas e incontáveis vezes. Não havia nada que pudesse fazer agora. Gritou e esperou. Nada havia além da escuridão e silêncio absoluto. Foi tomada por um torpor indescritível e se encheu de vazio o seu peito. Lembranças de dias que passaram sem terminar tomaram sua mente enquanto soluçava, gritava e chorava, tentando desesperadamente se desfazer daquela dor que se contorcia. Não houve outro dia. Não naquele mundo...

continua...